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domingo, outubro 23, 2011

Um "Imaginem" enCrespado




Mário Crespo
Imaginem 00h30m
Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.
Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.
Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência.
Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.
Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.
Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.
Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.
Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.
Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.
Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido.
Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país
podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país
seremos se não o fizermos.



Comentário:

Verdade seja dita, vivemos no País do "imaginem", do que poderia ser se fizessemos isto e aquilo ou ainda aquilo, desta ou daquela maneira ou ainda de outra maneira qualquer, temos muita genta a dizer e poucos a fazer, e os que fazem passam por estupidos porque fazer dá trabalho, cansa, leva tempo e não retribui de imediato.     Dá-se valor aos que dizem sem nunca fazerem e recompensa-se essse dom do dizer principescamente. Os que fazem, (dirigentes ou não) sendo estupidos porque se cansam a lutar contra a corrente, são rebaixados, atacados em tudo o que dizem e fazem, chamam-lhes ralé, escória ou ainda operativos sem outro préstimo que não serem mandados. Tudo isto para que os interesses "superiores" de uma classe ociosa sejam mantidos, institucionalizados, para que se creia que o comum mortal não pode viver sem o mando (que é na realidade desmando tendo em conta o descalabro a que chegámos) dessa classe que mais não sabe do que palrar.
    Pergunta-se se estariam de acordo os gestores públicos em baixar as suas mordomias em 10%?, ..., pergunto eu, se perguntaram aos Funcionários Públicos se queriam ficar sem subsídio de Natal e de Férias, o que juntamente com os restantes agravamentos representa um corte no seu rendimento disponível na ordem dos 25% ou 30%?.
    A liberdade e independência (já se pode dizer também sobrevivência) da nossa família em sentido restrito e da família alargada que é o nosso País, constroi-se e defende-se com o trabalho de todos os dias no nosso local de trabalho ( Fábricas, Serviços Públicos, Escolas, etc, etc)  lutando, trabalhando para que o nosso produto seja uma mais valia para o individuo e para o País que quer continuar soberano para Bem de Todos e não só de alguns.
    Assim pergunto de novo, (e isto não é uma questão de ter coragem politica ou de outro tipo, mas sim uma questão de necessidade e urgência), ..., para quê perguntar a esses senhores se querem ter um corte de 10%  ou de outra percentagem nas suas mordomias?, ..., há que cortar, ponto final !!!

AM

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